labrys, études féministes/ estudos feministas
julho/dezembro2007- juillet/décembre 2007

zeila

reproduction interdite. proibida reprodução

 

 

acordar

o corpo quieto

acordar a alma

muda

dardejar de musgos

e mel

sapos e flores

rondando a fonte

vigília nacarada

de adeus

o adeus secreto

no teu peito se aninhava

ferida

pelo dardo insone

eu transpunha o sono

transtornada

tempestades de fantasmas

vagas brancas

transfigurando a noite

vendaval

alma emvolta em mel

do amor acreditado

naufrágio

alma afogada

pelo dardo cego

medo alucinado

do grande júbilo

voo livre

arco íris no abismo.

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inserida a lança

na ferida profunda:

da carne tenra de eros

jorra o mel

valos de fogo

galopam velozes

na planície dos corpos

veias aquecidas

veios indandescentes da terra

aquecem os corpos

fundem as almas

em um grito

explosão sonora

de alegria de vida

a alma se fazendo carne

do corpo,pele sonora

se transformando em brisa,

mar, navio, sopro, estrela.

a sede e a fonte, juntos, plenos.

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áspero pão a

a crestar os lábios

pão áspero

do carinho retido

do gesto amarfanhado

do beijo enjaulado

da pele queimada

do forno ardente

do desejo contido

seco

aspero

o pão

coração mordido

em vão

coração seco

quebradiço

gosto insone

de madrugada

solitária

de noite

sem abraço

coração

sem laço

pão seco

no peito

pele doce

a recobrir

sentimento áspero

doce sentimento

de asas cortadas

laços de mel

agora empedernidos

olhares duros

da górgona

cobrindo a alma

com lençol de pedra

veias cortadas

do coração informe

veios de lava

no coração

outrora ardente

pousam na noite

sorrisos de pedra

 

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adentraste primeiro

os misteriosos corredores.

amadurecido

na dor

foste ceifado

na linha de frente

agora

ouves, e vês

e andas.

diga-me baixinho:

como é

do outro lado?

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estranhas borboletas

na noite constelada

de insonia/ dor

e gritos parados

de lava

a criança observa

as imensas encostas

petrificadas

braços gelados

do vulc]ao retido

cinza no ar

mistura-se ao canto

do galo

ao canto do grilo

 

gira a grande roda;

o sono paira:

pó dourado

que as seis horas espalham

ainda um pouco

do torpor da insconsciência

desejada antes do dia

- caixa misteriosa

que se abre

mais uma vez

adeus ao grilo

mergulho lento

na areia movediça

do dia

gosto de pão

sal e sonho

nos lábio ressequidos

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