labrys, études féministes/ estudos feministas
juillet / décembre 2013  -julho / dezembro 2013

 

A escolha de Catalina de Erauso: a aventura

Diva do Couto Gontijo Muniz

 

RESUMO: O presente artigo é uma reflexão sobre outros modos de existência das mulheres ao longo da história, outras possibilidades de escritas de si, desatreladas e distanciadas do molde patriarcal da “verdadeira mulher”. Nesse sentido, enfoco a história de Catalina de Erauso, “la monja alferez”, cujo modo de ser e de existir foi esculpido ao arrepio daquela imagem erigida como verdade acerca das mulheres. Sua capacidade de pensar, agir, criar, produzir e escrever revela-se na escrita de sua história, na escrita de si que ela produziu ao longo de seus sessenta e cinco anos de vida (1585-1650). Ao fugir do convento de San Sebastián/España, aos quinze anos de idade, Catalina diz não ao destino de religiosa que a família lhe prescreveu e escolhe ser uma mulher de aventuras. A liberdade de decidir sobre sua própria vida, seus rumos, suas andanças e pausas pela Europa e América do século XVII é a metáfora de toda a sua existência. A aventura movimenta sua vida, é o desejo que a consome, o alimento que a abastece, a força que a revigora; é a estabilidade no/do movimento que a desenha como sujeito de ação com existência pública e política.

Palavras-chave: aventura, Catalina, mulheres, sujeito de ação.

 

La verdad es ésta: que soy mujer, que naci en tal parte, hija de Fulano y Zutana; que me entraron de tal edade en tal convento, con Fulana mi tía; que allí me crié; que tomé el hábito y tuve noviciado; que estando para profesar, por tal ocasión me salí; que me fue a tal parte, me desnudé, me vestí, me corté el cabello, partí alli y acullá; me embarqué, aporté, trajiné, maté, herí, maleé, correteé, hasta venir a parar en lo presente, y a los piés de Su Señoria Ilustríssima” (ERAUSO, 2007: 42)

Soy mujer. Esta é a verdade de Catalina de Erauso, conhecida como o alferes Alonso Días Ramírez de Guzmán ou Antonio de Erauso, em confissão ao bispo de Guamanja, cidade do vice-reinado do Peru, em 1620. No ato em que se identifica como mulher, a ex-monja fala-nos de si e sobre seu modo livre e errante de existência, impensado para as mulheres de sua época e também das posteriores. Com efeito, seu modo andante de ser e estar no mundo não se conformava ao molde doméstico, patriarcal e cristão da “verdadeira mulher”, forjado na concepção sexista de uma “inamovível ‘natureza’ dos sexos, cuja reiteração responde pelo apagamento da profusão e da diversidade das formações sociais ao longo dos milênios” (SWAIN, 2011: 03). Significativamente, ao recordar-se de sua confissão, e escrever sobre ela, Catalina sublinha que “corrió la noticia de este suceso por todas partes, y los que antes me vieron y los que antes y después subieron mis cosas em todas las Indias, se maravillaron” (Idem, ibidem: 44).

Nesse ato de purificação e de enaltecimento, Catalina se reconhece como mulher cujo perfil não se alinhava ao da imagem erigida, como a verdade acerca das mulheres: a de uma “frágil figura mal dotada de cérebro e razão, incapaz de criar, de escrever, de produzir, de agir e de pensar”(SWAIN, 2011: 03). Seu modo de existência foi esculpido justamente ao arrepio daquele modelo, dele desatrelado e com ele confrontado, escrito em meio a uma pluralidade de experiências, multiplicidade de sensações, diversidade de rumos e escolhas. Sua capacidade de pensar, criar, agir e produzir revela-se na escrita de sua história, na escrita de si que ela esculpiu ao longo de seus sessenta e cinco anos de vida (1585-1650).

A fuga do convento, aos quinze anos de idade, e do destino de religiosa que a família lhe prescreveu, ao confiná-la em um mosteiro aos quatro anos de idade, compreende um movimento emblemático de sua escrita como mulher de aventura, cujo modo de existência foi tecido com o fio da liberdade e com os traços e as cores das inúmeras proezas e atos de coragem, engenhosidade e determinação, possibilidades então consideradas como restritas aos domínios masculinos. Catalina viveu uma vida livre, povoada de viagens, lutas, descobertas, perigos, amores e desamores, amizades e inimizades, encontros e desencontros em suas andanças pela Europa (Espanha, Itália e França) e pela América Espanhola seiscentista, durante cerca de cinqüenta anos (1600-1650). A pluralidade e multiplicidade das experiências constitutivas de sua história foram por ela sucintamente descrita na confissão que faz ao bispo: “partí allí y acullá; me embarqué, aporté, trajiné, maté, herí, malée, corretée” (ERAUSO, 2007: 42).

A aventura movimenta sua vida, é o desejo que a consome, o alimento que a abastece, a força que a revigora; é a estabilidade no/do movimento que a desenha. Como ela mesma reconhece, ao escrever sobre sua fuga do convento e sua recusa em ser monja: “era mi inclinación andar y ver mundo” (Idem, ibidem: 18). Tal identificação aponta-nos para os modos diversos como Catalina se constrói como sujeito livre, inscrito no imaginário da modernidade. Ao mesmo tempo, também como sujeito informado pela imagem do “cavaleiro andante” da Idade Média, cuja vida errante e errática tinha em vista a busca de aventuras e a reparação de injustiças. Nesse sentido, Catalina é um sujeito instável e fugidio, que nos escapa. Sua vida e sua escrita podem ser vistas como a materialização da noção de sujeito nômade que se refaz o tempo todo, escapando às classificações e enquadramentos, desestabilizando os limites identitários de sexo/gênero, condição social, língua e escolaridade, dentre outros. Ela é a monja disciplinada e obediente que conquista a confiança da tia, priora do convento, e também a noviça rebelde que dali foge, vestida de homem: “me salí, me desnudé, me vestí, me corté el cabello” (Idem, ibidem: 42).

Ela é a jovem atrevida, destemida que, vestida de homem, engaja-se como grumete e embarca em 1603 no galeão espanhol comandado pelo seu tio, o capitão Esteban Eqüino, sem ser por ele reconhecida, e após algumas peripécias desembarca na América: “me embarqué, aporté, trajiné”. Ela é a guerreira que trava inúmeras lutas contra perigosos inimigos, seus e do rei da Espanha, ferindo-os, matando-os e também sendo ferida em duelos e combates: “maté, herí, maleé.” Ela é a andarilha briguenta, galante e galanteadora, sem pouso fixo, cujo maior prazer talvez tenha sido mesmo esse movimento de embarcar e desembarcar, chegar e partir, gostar e desgostar, lutar e matar, ser aprisionada e fugir em meio às inúmeras proezas e aventuras vividas em algumas colônias espanholas da América – vice-reinados da Nova Espanha, Peru e Prata – e também em cidades, estradas e portos da Itália e França: “partí alli y acullá”.

Com efeito, encontramos de tudo um pouco nos relatos que Catalina escreveu sobre si e suas viagens: fugas, duelos, batalhas, brigas, jogos, namoros, viagens, naufrágios, perigos, diversões, emoções, doenças, negócios, companheiros, afrontas, datas e nomes de pessoas e de lugares. Viajar é, para ela, viver a vida plenamente; é estar sempre em movimento; é escapar de qualquer aprisionamento; é ação de construção de si. Nesse sentido, sua escrita é uma escrita de si, pois, ao recordar e escrever, Catalina  se institui e cria um sujeito em movimento. Faz, assim, uma cartografia dela mesma. Este sujeito que se diz não é o mesmo que já foi, em todo lugar e toda circunstância. A memória [...] atualiza as imagens que tinha de si e de seu percurso enquanto sujeito de ação. (SWAIN, 2011: 05)

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Tal cartografia me interpelou. De repente, descubro-me inquieta, intrigada e intimada a um duelo com Catalina, ao ler e reler suas memórias, tal como organizadas no livro La Historia de la monja alferez, edição de 2007. Provavelmente como sucedido a muitas mulheres e homens da sua época, e também nas posteriores, eu também acabei enredando-me e sendo enredada nas tramas de sua fascinante história, nos imprevisíveis e constantes movimentos desse sujeito que, conforme testemunhos de seus contemporâneos, foi “persona rara em nuestros tiempos” (ERAUSO, 2007: 53) Como não deixar de sentir-me instigada pela história dessa mulher singular, dessa pessoa corajosa e trânsfuga cujo modo de existência nos fascina e nos intriga, pois foi esculpido justamente em confronto com as prescrições de um mundo ainda fortemente impregnado pelo imaginário tridentino, pelo medo do pecado e do inferno, pelo pavor da Inquisição e pela ameaça da caça às bruxas? Não há como negar esse meu desejo de ser sua companheira de aventuras, de me aproximar dela o mais de perto possível para urdir cumplicidades, compartilhar experiências, tecer laços de amizade. E principalmente não há como me furtar ao dever de ofício de conferir visibilidade à sua presença apagada que foi da/na historiografia, historicizando seus “percursos enquanto sujeito de ação”.

Essa exigência se impõe a mim, historiadora e feminista, pois é preciso denunciar, questionar, fazer ruído de modo a romper o silêncio historiograficamente produzido acerca da  presença e protagonismo históricos das mulheres. É preciso falar de e sobre mulheres como Catalina de Erauso, sujeitos excluídos da historiografia, narrativa que foi e ainda permanece como discurso soletrado no masculino. Com efeito, não obstante as mudanças ocorridas no interior da disciplina história, dentre elas a inclusão das mulheres, trata-se porém de visibilidade operada sob o enfoque da raridade, do caso excepcional que confirma a regra: as mulheres “normais” não tem história; não são sujeitos históricos com capacidade para pensar, agir, criar, produzir, escrever. Enfim, não são seres políticos no sentido pleno do termo. Como bem denuncia Tânia Swain:

"A partir destas imagens incansavelmente afirmadas pelos discurso sociais e “científicos” as mulheres foram colocadas fora da história, da arte, das descobertas, das proezas. Impedidas de agir e criar, foram qualificadas em seguida de incapazes. Repetida e sublinhada ad nauseam, uma figura única das mulheres foi assim erigida em verdade e, desta forma, a infinita diversidade do humano foi apagada. "(SWAIN, 2011: 03)

>Penso que nem mesmo a relativamente recente incorporação das mulheres no discurso historiográfico foi capaz de quebrar tal lógica, já que ocorreu abrigada sob uma área específica de estudos, conhecida e reconhecida como “História das Mulheres” e/os “Estudos de Gênero”. Ou seja, as mulheres e o feminino constituem temas/objetos/sujeitos da narrativa histórica sem desconstruir, contudo, a velha e desigual partilha: homens para cá, para os domínios da política, da economia e da guerra; mulheres para lá, para o espaço da domesticidade. Estas ganham visibilidade historiográfica, mas permaneceram confinadas a uma área específica de estudos, identificada como domínios da privacidade e da subjetividade, significada historiograficamente como menos importantes, como o espaço da despolitização e da privação. (MUNIZ, 2010: 76)

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Apesar e por conta desse reconhecimento, não se pode negar que a visibilidade conferida à presença histórica das mulheres, operada pelos estudos e pesquisas abrigados naquela área e mais ou menos à luz do aporte teórico produzido pelos feminismos, ultrapassou há algum tempo aqueles limitados e delimitados horizontes. Mulheres escritoras, guerreiras, políticas, aventureiras, artistas, navegadoras, pesquisadoras, intelectuais, rainhas, cientistas e ativistas emergem das brumas do esquecimento para os holofotes da narrativa histórica e exteriorizam uma pluralidade de modos de existência. São pessoas criadoras e ousadas que tiveram a engenhosidade e a coragem de escapar, de modos os mais diversos, aos estreitos destinos a elas socialmente impostos, reduzidos, nas sociedades cristãs e católicas, antigas e modernas, ao estado de matrimônio, ou com um homem/varão ou com a Igreja/Cristo. Segundo Montero (2008: 17), nem todas as mulheres escaparam desse “destino”, mas,

"[...] seu número, sem sombra de dúvidas, foi muitíssimo superior ao daquelas que hoje conhecemos e recordamos. Porque, como diz a escritora italiana Dácia Maraini, as mulheres, quando morrem, morrem para sempre, submetidas ao duplo fim da carne e do esquecimento (MONTERO, 2008: 17)

Embora apagada da narrativa histórica, do esquecimento, porém, escapou Catalina de Erauso, menos pelo modo como construiu sua existência, mas sobretudo porque escreveu sobre ela, produziu e preservou uma memória de si, de seu percurso e do mundo em que viveu; criou, enfim, um obstáculo ao apagamento da sua memória. Afinal, no ato de escrever, ela se localiza como sujeito histórico e político, como pessoa com espaço de fala e lugar de sujeito. Escrever, entendido, assim, como ato político que possibilita a quem escreve “inscrever-se, fazer existir politicamente” (RAGO, 2013: 321). Escrever, visto, portanto, como verbo de localização e também, e ao mesmo tempo, de transgressão e de subversão da ordem estabelecida, de desestabilização no/do sistema de representação dominante, de desobediência pela palavra. Com efeito, como sublinha Margareth Rago:

"Assumindo a própria escrita, portanto, as mulheres subvertem e conquistam seu próprio espaço [...] podendo enunciar outros regimes de verdade a partir de seu lugar sexuado específico; podem assim perceber, criticar e escapar das construções identitárias que subjugam seu corpo e sua subjetividade e anulam o potencial criador de todo ser humano. Podem transformar a cultura reinante, reinventar-se subjetivamente e construir outros modos de existência. "(RAGO, 2012: 18)

Reinventar-se, conquistando seu próprio espaço, construindo outro modo de existência que não aquele prescrito pela sociedade de sua época, foi o que fez Catalina de Erauso. Ela se reinventou nos constantes e, muitos deles, ousados e transgressores movimentos que criou para si e em torno de si, como o de recusar o estado de religião, fugindo do convento e tornando-se uma mulher de aventuras. Com sua destemida e desobediente atitude ela escapou do destino que a família lhe impôs e ganhou o mundo, livre do hábito de monja e liberta da monja que nela habitava; como ela mesma relata: “ajusteme com él, y partimos a otro día, sin saberme yo qué hacer ni adónde ir, sino dejarme llevar del viento como una pluma” (ERAUSO, 2007: 12).

Fuja, Catalina, fuja! Seu desejo por uma vida de aventuras, sua vontade de trilhar outros caminhos, bem diferentes e distantes daquele permeados pelo silêncio e pela monotonia da vida enclausurada, foram mais fortes do que a domesticação a que foi submetida por força da educação recebida no convento San Sebastián. Tal como outra mulher, a escrava Caetana, Catalina diz não. Ela recusa o destino de religiosa e a verdade circulante acerca da “verdadeira mulher” e assume sua própria escrita, em constante exercício de si sobre si mesma. Ela recorre à prática da escrita de si para reinventar, costurando sua subjetividade a partir de seus percursos, conflitos, frustrações e vitórias:

"Naci yo, doña Catalina de Erauso, en la villa de San Sebastián, de Guipúzcoa, em el año de 1585 hija Del capitán don Miguel de Erauso y de doña Maria Pérez de Galarraga y Arce, naturales y vecinos de aquella villa. Criáron me mis padres em su casa, con otros mis hermanos, hasta tener cuatro años. Em 1589 me entraron em el Convento de San Sebastián el Antiguo, de dicha villa, que es de monjas dominicas, con mi tía dona Úrsula de Unzá y Sarasti, prima hermana de mi madre y priora de aquel convento, en donde mi crié hastas tener quince años, en que se trató de mi profesíon. Estando en el año de noviciado, ya cerca del fin, me ocurrió una reyesta con una monja profesa llamada doña Catalina de Aliri, que, siendo viuda, entró y profesó. Era ella robusta y yo muchacha; me maltrató de mano y yo lo sentí."ERAUSO, 2007: 11).

A briga com uma outra religiosa – monja professa e “robusta” – foi provavelmente a gota d’água que fez emergir a decisão há muito acalentada de fugir do convento, de livrar-se da mesmice da vida religiosa, com seus silêncios e silenciamentos, suas regras, seus livros de orações, cânticos, novenas, mortificações e retiros espirituais. A “mão pesada” da monja homônima despertou a Catalina briguenta e aventureira que estava subsumida e subjugada na/pela Catalina comedida e disciplinada por conta de onze anos de vida contemplativa e confinada: “me maltrató de mano yo lo sentí”. A decisão de fugir foi engenhosamente tramada, abusando da confiança da tia, sem traçar, porém, qualquer estratégia quanto ao que iria fazer imediatamente depois. Pelo seu relato, somos informadas desse movimento:

Estando ya las monjas en el coro y comenzados los maitines con solemnidad, a la primera lección llegué a mi tía y le pedi licencia, porque estaba mala. [...] Salí del coro, tomé una luz y fuime a la celda de mi tía: tomé alli unas tijeras, hilo y una aguja: tomé unos reales de a ocho que allí estaban. Y me salí. Fui abriendo puertas y emparejándolas, y em la ultima dejé mi escapulario y me salí a la calle, que nunca había visto, sin saber por donde echar ni adónde ir. (ERAUSO, 2007: 11. Grifos meus)

Abrir portas e deixar o escapulário, em seus sentidos físico e simbólico, foram ações e movimentos dessa sua recusa em tornar-se religiosa e de sua escolha por outras possibilidades de existência; foram práticas de liberdade. Estas incluíram algumas estratégias, como a de vestir-se como homem para assim conseguir embarcar em um navio e viajar para a América, na condição de grumete, aberta à aprendizagem das artes da navegação e também aos seus riscos, ou para combater, como valente soldado e depois alferes do exército espanhol, durante mais de vinte anos, os inimigos do rei nos domínios americanos do Império Espanhol. Além disso, o uso de múltiplas identidades para transitar por estas terras como galante cavalheiro ou exímio cavaleiro, como experiente corretor de gado, de mercadorias e alimentos ou inocente pretendente de um casamento arranjado como uma nativa, como fiel súdito vizcaíno ou incondicional amigo envolvido em conflitos com as autoridades espanholas. Enfim, um conjunto diverso de experiências compõe a escrita que Catalina fez de si.

Trata-se de um modo de existência que não era contrariamente ao pensado tão incomum às pessoas de sua época, integrantes de uma sociedade informada pelo imaginário social seiscentista, tributário de tradições antigas e novas, dentre elas, as de luta e reconquista da Península Ibérica; de conquista e colonização do Novo Mundo; da visão paradisíaca da América; de expansão dos horizontes da modernidade européia. Como Catalina de Erauso, quantos outros jovens, de ambos os sexos, seus contemporâneos, não teriam também sonhado com outros modos de existência, tornados possíveis com a vida errante e de aventuras nas colônias espanholas da América? Muitos rapazes transformaram, talvez mais facilmente do que as moças, esse sonho em realidade, já que para eles não existiam interdições legais, religiosas e culturais. Para as mulheres, era esse um projeto que exigia coragem, ousadia, determinação e engenhosidade, como vestir-se com roupas de varão. “Travestir-se sob a cobertura de uma identidade viril para proteger-se da dureza misógina do ambiente”, como ressalta Montero (2008: 21), foi prática muito difundida antes e depois de Catalina.

 Vestir-se de/como homem, adotar nomes masculinos ou pseudônimos, engajar-se, sob falsa identidade, nos batalhões das tropas militares, lutar em conflitos armados com grande coragem e domínio da arte da guerra, foram ações e movimentos realizados por mulheres com muito mais frequência do que geralmente se pensa. Como Catalina de Erauso que foi homenageada em vida – foi recebida pelo Rei que reconheceu sua atuação em defesa de seus interesses e lhe concedeu não apenas o indulto pelo crime de alistar-se e fingir-se de homem mas também o direito de usar a patente de alferes – , quantas outras mulheres também não o foram? Com efeito, assim como a ex-monja, inúmeras outras mulheres, cujas proezas tiveram reconhecimento à sua época, foram, porém, riscadas da história. Foram apagadas da narrativa, ficaram nos porões da história porque, segundo os preconceitos habituais, as mulheres seriam incapazes de se arriscar em aventuras de explorações em terra ou no mar por causa de sua “natureza” . (SWAIN, 2011: 04)

Mulheres como María Perez, “uma heroína castelhana do século XII, que combateu, vestida de homem, muçulmanos e aragoneses, desafiando, em duelo, o rei de Aragão, Afonso I, o Batalhador, o qual venceu e desarmou” (MONTERO, 2010: 20). Ou a portuguesa Juliana de Cibo, que igualmente vestiu-se de homem, sentou praça como soldado e lutou na guerra de Granada contra os mouros, tendo recebido do Rei uma mercês pela sua atuação (CUBIE, 2012: 124). Dentre as européias, talvez a mais conhecida entre nós seja mesmo Joana d’Arc, donzela que vestiu armadura viril e comandou, aos 17 anos, o exército francês na guerra contra os ingleses, aos quais infligiu grandes derrotas até ser capturada pelo inimigo e queimada viva aos 19 anos. Do outro lado do Canal da Mancha, a inglesa Mary Read, fantástica aventureira do século XVIII, que também se vestiu de homem e, como soldado no regimento de infantaria de Flandres, combateu os inimigos da Inglaterra. Esta mulher singular foi também dona de uma taberna em Brede, casou-se, enviuvou-se, voltou a usar roupas masculinas, alistou-se na infantaria holandesa e embarcou rumo à América onde viveu longos anos como pirata (MONTERO, 2010: 21).Dentre as brasileiras, Anita Garibaldi (1821-1849) e Maria Quitéria de Jesus (1792-1853) talvez sejam os exemplos mais emblemáticos e conhecidos. A primeira abandonou a vida pacata de dona de casa para lutar junto de seu amado, o guerrilheiro Giuseppe Garibaldi, nas campanhas militares da República Rio Grandense (Brasil) e da República Romana (Itália) no século XIX. A segunda, fugiu de casa, vestiu-se de homem e alistou-se no Exército brasileiro para lutar contra as tropas portuguesas na guerra da independência, mostrando muita coragem e destreza no manejo das armas.

Usar um pseudônimo masculino também foi prática bastante comum entre as escritoras do passado, particularmente no século XIX. Autoras como George Sand, George Eliot, Victor Catalão, Fernán Caballero são casos amplamente conhecidos da prática da desobediência pela palavra. Escrever, ainda que escondida e também protegida pelo nome do outro, significava desobedecer às regras e sobretudo subverter e conquistar o próprio espaço, recusando os limites que lhe foram impostos e ensinados como verdadeiros desde cedo, dentre estes, o da incapacidade feminina para a literatura, fundado nas “inclinações naturais” de seu sexo/gênero.

Escrever “protegida” por um outro, no caso, o estado de religião, também foram escolhas de muitas mulheres que apesar e por conta da vida confinada nos claustros libertaram-se da tutela masculina produzindo uma rica e fértil literatura. São mulheres que professaram a fé religiosa, por imposição da família, castigo ou escolha própria, mas que não se limitaram a serem apenas religiosas. No enclausuramento dos conventos fabricaram-se a si próprias como sujeitos com espaços de fala, lendo, escrevendo, exercendo cargos, assumindo responsabilidades. A solidão da vida confinada nos conventos foi para estas escritoras religiosas possibilidade de evasão da imaginação criadora, “ponto de partida para a comunicação e a sociedade, experiência original/originária que participa da história universal” (TELLES, 2012: 25). A solidão dos claustros foi condição de produção de obras de alto nível intelectual e espiritual, como as de Teresa de Ávila, de Soror Juana Inés de la Cruz, de Herrad de Landsberg, abadessa de Hobenburg, de Cecilia Sabino e de Juliana Morell (CUBIE, 2012: 125-126), dentre algumas das várias existentes.

Escrever isolada em sua cela, imaginando “estar sempre em viagem”, em permanente comunicação com o mundo, estava muito aquém dos desejos de aventura, fama e reconhecimento da monja Catalina. Ela imaginava, desejava e construiu para si um modo de existência bem diferente da vida previsível do convento e sobretudo em confronto e desobediência às convenções sociais de seu tempo. Assim, ela se despiu do hábito de monja e vestiu roupas de homem – “me desnudé, me vestí, me corté el cabello” – , fugiu do convento e saiu pelo mundo afora: “partí alli y acullá”. Quando reflete sobre sua vida, e escreve sobre ela, não se esconde porém sob o hábito de monja, já que este não a fez assim. Não se esconde nem mesmo sob os pseudônimos masculinos que usou em suas andanças pela América – Alonso Díaz Ramirez de Gusmán e Antonio de Erauso – mas com seu nome de batismo: “nasci yo, doña Catalina de Erauso.”

Desnudar-se significou, para ela, libertar-se do destino a ela imposto pela sua condição de sexo/gênero que a localizava no território desvalorizado e inferiorizado do feminino. Vestir-se como homem, menos que um aprisionamento é tática de guerra. É o uso de uma armadura para defender seus espaços em uma sociedade extremamente misógina. Dizer a verdade sem medo é ato eminentemente político que fere e perturba a ordem existente. Assim, o reconhecimento do sexo biológico como uma “marca de nascença”, a diferença anatômica que definiria sua identidade original – “soy mujer”, “naci yo, doña Catalina de Erauso” (ERAUSO, 2007: 42) – , paradoxalmente, revela-nos a recusa a qualquer enquadramento. Catalina é um sujeito nômade que, ao lembrar e escrever sua história, atualiza imagens que tinha de si e cria um sujeito em movimento. Nessa atualização, ela já não é a mesma que foi, e nem mesmo a que se diz e que será apenas um momento de seu presente.

 Com efeito, a monja que fugiu e viajou pela Europa e pela América – Panamá, Peru, Bolívia, Chile, Argentina e México – escapa às classificações, pois foi monja, grumete, corretora, arrieira, escrevente, pagem, soldado, alferes, noiva, namorada, pretendente, espiã, ajudante de sargento-mor, jogadora, andarilha, cavaleira, protetora de mulheres, amiga, inimiga, assassina, súdita, pecadora confessa, aventureira e escritora. O manejo das armas foi, conforme seus relatos, a atividade em que mais demonstrou domínio, pois usou muito bem sua espada e suas adagas “con guarniciones de plata” (Idem, ibidem: 51) nas inúmeras brigas, duelos e combates que travou, particularmente as campanhas militares contra os nativos americanos. Tal habilidade era por todos conhecida e reconhecida, tendo sido agraciada com a patente de alferes pelos “honrados y aventajados sevicíos” prestados à Coroa Espanhola na companhia do capitão Gonzalo Rodrígues, usando o nome de Alonso Días Ramirez de Gusmán (Idem, ibidem: 59-60). De volta à Espanha, depois de seu périplo americano “fue recebida por el rey, que respetó su grado militar y le autorizó a usar un nombre y atuendos masculinos” (Idem, ibidem: 09). Decididamente, nossa trânsfuga e indomável protagonista preferia o tilintar das armas brancas cruzando-se nas perigosas e constantes lutas em que se envolveu, e a adrenalina delas decorrente, ao quase imperceptível ruído dos terços e das orações no silêncio das vigílias nos claustros.

Não resta dúvida de que a formação escolar adquirida durante os onze anos que permaneceu no convento preparando-se para se tornar uma monja professa, com a correspondente aprendizagem dos códigos da leitura e da escrita, franqueou-lhe muitas portas na América, além de lhe possibilitar escrever suas próprias memórias, esculpir-se também como escritora. Também é certo que a monja foi definitivamente assassinada pela mulher de aventuras na escrita que Catalina faz de si e se constrói como sujeito de ação. Mulher guerreira, combativa e andante que não hesita um segundo para entrar em uma boa briga, e demora para sair dela, protagonizando sangrentos duelos em defesa da honra ultrajada, sua, ou do rei, ou de seus amigos e amigas e companheiros de viagem: é assim que ela se deixa ver e se dá a ler. Esse modo livre, arriscado e errante de existência foi objetiva e sucintamente descrito por ela no ato de sua confissão: “me embarqué, aporté, trajiné, maté, herí, malée, correteé”.

Com efeito, excetuando-se o ato cristão da confissão, de sujeição, em que se reconhece como monja “estando para profesar”, não há em sua narrativa nenhuma outra passagem  acerca de sua vivencia como noviça, nenhuma reflexão de cunho religioso, de defesa da vida contemplativa, de exortação da fé católica, de pesar por ter abandonado o estado de religião. No ato em que foge do convento e desnuda-se, ela liberta-se do hábito de monja, concreta e subjetivamente. Idêntica atitude ela tem em relação aos seus familiares: ela não se identifica e nem se deixa reconhecer quando encontra alguns deles em seus percursos: ela foge de todos os familiares que encontra pelo caminho: do pai, do tio e do irmão. Ela foge da casa de don Juan de Idiáguy, onde vivia como seu pajem, com o nome de Francisco de Loyola, quando o pai ali aparece procurando notícias da monja fujona; mantém-se incógnita quando embarca como grumete no navio de seu tio; não revela sua identidade quando encontra seu irmão, o Capitão Miguel Erauso, e assim permanece nos três anos que passou em sua companhia em Concepcion de Chile, “comiendo a su mesa” e indo “com él algumas veces a casa de uma dama que allí tênia” (Idem, ibidem: 19). Esse seu irmão foi por ela assassinado, por não tê-lo reconhecido como um dos envolvidos no duelo que ela travou junto com um amigo contra três opositores, em uma noite em que “la oscuridad era tan suma que no nos veíamos las manos” (Idem, ibidem: 22). Desconsolada, fugiu dali em direção ao mar, seguindo a costa. Corra, Catalina, corra!

Engenhosa e coerentemente, Catalina escreve suas memórias no masculino, pois, afinal, segundo o regime de verdade circulante à sua época, escrever era “dom específico dos homens, atividade masculina por excelência” (RAGO, 2012: 15). Em apenas três ou quatro passagens de suas memórias ela usa o feminino. E isso não foi por acaso: são momentos, embora raros, em que ela se encontra, física e emocionalmente, bastante enfraquecida, refém das autoridades e das circunstâncias: sem armas, sem amigos e ferida, na condição de prisioneira. Catalina joga então o jogo das identidades sexuais e de gênero, mobilizando, a seu favor, as imagens polarizadas do feminino e naturalizadas no imaginário social: luz e sombra, força e fragilidade, razão e sensibilidade, capacidade e incapacidade, discernimento e ingenuidade, domínio e submissão.

Com efeito, o uso do feminino em sua escrita aparece primeiramente no início da narrativa, quando ela se apresenta ao leitor com o seu nome de batismo e é assim que ela quer ser reconhecida. Depois, quando ela, ferida, desarmada e sob a proteção do bispo, confessa-se com ele, respondendo às perguntas que aquele lhe faz: “quén era y de dónde, hijo de quién, y todo el curso de mi vida y causas y caminos por donde vine a parar alli” (ERAUSO, 2007: 42). Em outro momento, por ocasião de seu retorno para a Espanha, quando permanece alguns dias em Tenerife e adoece: “caí alli enferma, y mi pareció mala terre para españoles; y llegué a punto de muerte” (Idem, ibidem: 45). Mas sua escrita é, sem dúvida, uma “escrita anímica, animada, que nos contagia com sua energia” (SELIGMAN-SILVA, 2013: 14). É uma escrita feminina porque Catalina diz a verdade sem medo, ela nos fala de suas emoções, sensibilidades, dúvidas e subjetividade.

Por outro lado, é interessante pensar que é justamente na oscilação, ou seja, escrever no masculino e no feminino, nesse movimento impreciso e indeciso que Catalina se revela e se esconde, deixa-se aprisionar e logo escapa, “impalpável, corrida, vento, descida, subida, queda, avalanche” (SWAIN, 2011: 05). Ela descreve com objetiva precisão e também com riqueza de detalhes as cidades e lugares por onde passou e morou; cita, com a preocupação de um atento cronista, datas e nomes das autoridades e das pessoas ilustres que encontrou e confrontou ou de quem recebeu proteção e desobrigando-se porém de explicitar um nome sequer de seus companheiros de estrada e de brigas, de seus amores e desamores. Os temas recorrentes são as viagens e lutas, as emoções dos duelos e das descobertas, os desconfortos e prazeres das andanças, as dúvidas e certezas dos percursos, um típico romance picaresco, cuja diferença de escritura reside provavelmente na maneira como seu poder imaginativo afeta o campo da escrita.

A permanência, por cerca de dois anos e meio no Convento de Santíssima Trindade, por “mandato del señor arzebisco” (Idem, ibidem: 44) foi experiência que a convenceu a praticar um último ato de desobediência e de recusa à vida religiosa. Catalina comunica tal decisão em audiência com o arcebispo de Santa Fé de Bogotá, diocese do vice-reinado de Nova Granada, ocasião em que lhe diz que deixaria o convento e partiria de volta para Espanha: “Yo le dije que no tenía yo Ordem ni religión, y que trataba de voltarme a mí patria, donde haría lo que pareciese mas conveniente a mi salvación” (Idem, ibidem: 45). Uma grande dose de coragem e muito atrevimento mostrou ter Catalina em seu colóquio com o arcebispo D. Julian de Cortázar, sobretudo ao arrogar sua independência para escolher os caminhos que lhe parecessem mais convenientes para sua salvação. E assim ela fez: livre, leve e solta ela partiu para Espanha, “si religión ni Ordem”, sem o hábito de monja e com a espada de alferes.

Como terminou a história de Catalina de Erauso? Após seu retorno para a Espanha em 1624, ela continuou suas andanças e peripécias pela Europa – Cádiz, Sevilha, Madri, Barcelona, Gênova, Piemonte, Turim, Roma, Nápoles, “vestida en hábito de hombre” (Idem, ibidem: 46), envolvendo-se em brigas, jogos, duelos e prisões, amores e desamores, mas acabando por escapar de todas estas armadilhas. Conforme seu relato, uma de suas últimas paragens foi em Roma, onde beijou “el pie a la Santidad de Urbano VIII”, que estranhou seu “sexo y virgindad” (Idem, ibidem: 48) e lhe concedeu “licencia para proseguir mi vida em habito de hombre, encargándome la prosecución honesta en adelante y la abstinencia de ofender al prójimo, teniendo la ulción de Dios sobre su mandamiento non occides” (Idem, ibidem: 48-49). Perdoada pelo Papa, pelos pecados de vestir-se de homem e fugir do convento, passou cerca de dois meses naquela cidade, tendo sido readmitida no seio da Igreja Católica. Ali, ela visitou a Capela de São Pedro onde viu “los cardenales y las cerimonias que se acostumbran aquel día (día de San Pedro, 29 de Junio de 1626)” (Idem, ibidem: 45). Enfim, foi finalmente reintroduzida no seio da Igreja Católica, não como religiosa, mas como alferes, como súdita fiel da Coroa e católica defensora da fé. Em nome de Deus, Catalina foi perdoada e readmitida na “grande família” cristã.

O fim da história de Catalina, conforme suas memórias, é apenas a indeterminação de rumos, o não fim, o fim de mais uma viagem e de uma aventura: a viagem de Roma a Nápoles, em 05 de Junho de 1626. Ela viaja “em hábito de hombre” e com sua identidade de Catalina, já que esta sua condição encontrava-se final e definitivamente permitida, autorizada pelo Papa. A “abstinencia de ofender al prójimo” foi, porém, recomendação papal que a esquentada e galante Catalina não praticou ao pé da letra, conforme ela mesma se deixa ver no último parágrafo de seu livro:

En Nápoles, un dia, paseándome en el muelle, reparé en las risotadas dos damiselas que parlaban con dos mozos. Me miraban y mirándolas, me dijo una: “Señora Catalina c adónde se camina? Respondi “Señoras p... a darles a ustedes cien pescozones y cien cuchilladas a quien las quiera defender.” Calaron y se fueron de allí. (Idem, ibidem: 49)

Testemunhos coevos de Catalina, nos contam, porém, que esta regressou à América, desta vez ao México, vice-reinado de Nova Espanha, em 1630, como alferes, sob o comando do general Miguel de Echazarreta, portando “espada y daga com guarniciones de plata”. Mais tarde, em 1645, teria aberto seu próprio negócio e ali vivido com “identidad masculina hasta su muerte”, em 1650 (Idem, ibidem: 51-52). Serviu à Coroa espanhola por mais de vinte anos em seus domínios americanos. Construiu-se em torno dela a memória de que “militó mucho en aqullas partes, hallándo-se en diversas facciones, en que dio simpre tan buena cuenta de soldado, que adquirió fama de valeroso, y como no le asomaba la barba, lo tenían y llamaban por capón” (Idem, ibidem: 52).

Penso, porém, que não poderia ser senão do modo como ela narrou, o final da história que ela produziu e escreveu sobre si. Catalina não se deixa aprisionar em nenhum momento e circunstancia: é um sujeito em constante movimento, que está sempre chegando e saindo, embarcando e desembarcando, amando e brigando, matando e vivendo. Um sujeito fugidio e inacessível, pois em construção permanente. É uma mulher de aventuras, cuja maior ventura talvez consista não apenas ser mas também em parecer aos outros venturosa...

Adiós, Catalina, adiós!

 

 

nota biofráfica:

Diva do Couto Gontijo Muniz – Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo (1998). Professora Associada da Universidade de Brasília, onde atua na graduação e pós-graduação, nas áreas: História e Historiografia do Brasil Imperial, Historiografia, História e Historiografia das Mulheres, Estudos de Gênero e Ensino de História. Integra o corpo docente da pós-graduação em História nas áreas de concentração Sociedade, cultura e política e História Social nas linhas de pesquisa "Sociedade, Instituições e Poder" e "Cultura, política e identidades". Orienta monografias de final de curso de graduação, dissertações de mestrado e teses de doutorado, centradas nos seguintes eixos temáticos: historiografia, mulheres, gênero, cultura política, experiências, representações sociais, poder e identidades. Tem publicado livros, capítulos de livros e artigos em revistas especializadas em torno de tais eixos, dentre eles "Um toque de gênero: história e educação em Minas Gerais (1834-1892)", pela EdUnB, em 2003, Mulheres em ação: práticas discursivas, práticas políticas, em co-organização com Tânia Navarro Swain e "Nação, civilização e história: leituras sertanejas", pela PUC/Goiás, 2011, com Ernesto Cerveira de Sena.

REFERÊNCIAS

CUBIE, Juan Batista. 2012. Em defesa das mulheres. São Paulo: Unesp .

ERAUSO, Catalina. 2007 .La Historia de la monja alferez. Barcelona: Lenkgua Ediciones S.L .

MONTERO, Rosa. 2008. Histórias de Mulheres. Rio de Janeiro: Agir .

MUNIZ, Diva do Couto Gontijo. 2010 . Mulheres na historiografia brasileira: práticas de silêncio e de inclusão diferenciada. In: STEVENS, Cristina et.al. (orgs.). Gênero e feminismos: convergências (in)disciplinares. Brasília: Ex Libris, p.65-78.

RAGO, Margareth. Prefácio. In: TELLES, Norma. 2012 . Encantações: escritoras e imaginação literária no Brasil. Séc. XIX. São Paulo: Intermeio, . Coleção Entregêneros.

______.2013. A aventura de contar-se. Feminismo, escrita de si e invenções da subjetividade. Campinas, SP: Editora da Unicamp .

TELLES, Norma. . Encantações: escritoras e imaginação literária no Brasil. Séc. XIX. São Paulo: Intermeio, . Coleção Entregêneros.

SELIGMAN-SILVA, Marco. Prefácio. In: RAGO, Margareth. 2013 .A aventura de contar-se. Feminismo, escrita de si e invenções da subjetividade. Campinas, SP: Editora da Unicamp, .

SWAIN, Tânia Navarro.2011. Ella Maillart: desejo de infinito. Labrys: études feministes/estudos feministas. Jan./jun. 2011. Disponível em: < http://www.tanianavarroswain.com.br/brasil/ellapt.htm> Acesso em: 06 set.  2013

 

 

labrys, études féministes/ estudos feministas
juillet / décembre 2013  -julho / dezembro 2013